Neste artigo você vai entender a diferença destas duas linhas de estudo que busca explicar o comportamento das pessoas em relação ao dinheiro.
As finanças comportamentais são uma linha de pesquisa que estuda o processo de tomada de decisão. Daniel Kahneman explica em seu livro "Rápido e Devagar" que as pessoas não tomam decisões sempre baseadas na razão, mas que existem fatores psicológicos que interferem na tomada de decisões. Esses fatores, a nível cognitivo, são heurísticas e vieses, ou seja, atalhos mentais que influenciam mais do que a razão na tomada de decisão.
Didaticamente Daniel Kahneman propões a idéia de dois sistemas, descrevendo como o cérebro humano processa informações e toma decisões. Esses dois sistemas são conhecidos como "Sistema 1" e "Sistema 2" e que ambos tem formas diferentes de processar informações. Vejamos as características desses dois sistemas:
Como o cérebro demandaria muito gasto energético para usar o sistema 2 em todas as decisões, é usando o sistema 1 que funcionamos a maior parte do tempo. É importante compreender a interação destes 2 sistemas para fazer melhores escolhas tanto na vida profissional como pessoal.
A psicologia financeira também integra conceitos das finanças comportamentais, mas busca uma compreensão de aspectos mais subjetivos das pessoas que vão além do estudo da tomada de decisões e não tem como base de pesquisa o comportamento do investidor, mas sim o comportamento dos indivíduos em geral.
É um campo que integra várias abordagens da psicologia, como a terapia cognitivo-comportamental, terapia de aceitação e compromisso, terapia familiar sistêmica, e outras abordagens já consolidadas da psicologia para compreender os fenômenos psicológicos que moldam o comportamento humano em relação ao dinheiro em dimensões mais profundas. Para isso, busca-se compreender a história de vida, as crenças, as experiências da infância até a idade adulta no contexto familiar e social, a cultura, entre outros aspectos psicológicos e sociais que se tornam parte da forma de sentir, pensar e agir em relação ao dinheiro.
Para ficar mais claro a diferença entre finanças comportamentais e psicologia financeira na prática, veja o exemplo a seguir:
Perspectiva das Finanças Comportamentais:
Na abordagem das finanças comportamentais, poderíamos analisar esse comportamento do indivíduo como uma manifestação do "viés de indulgência do presente". Esse viés sugere que as pessoas tendem a dar mais importância a recompensas imediatas do que a benefícios futuros, mesmo que essa decisão prejudique seu bem-estar financeiro a longo prazo. No caso específico, o indivíduo pode estar cedendo ao impulso de desfrutar dos ganhos imediatos do bônus, sem considerar adequadamente as consequências financeiras a longo prazo.
Perspectiva da Psicologia Financeira:
Ao analisar o mesmo comportamento pela ótica da psicologia financeira, poderíamos explorar aspectos mais profundos da vida do indivíduo. Por exemplo, podemos descobrir que esse padrão de gastos extravagantes está relacionado a uma necessidade de validação social ou a uma tentativa de preencher um vazio emocional através de bens materiais. Poderíamos examinar as experiências passadas do indivíduo, como a relação com o dinheiro durante a infância, para compreender melhor os motivos subjacentes a esse comportamento. Talvez, na história de vida desse indivíduo, o dinheiro seja associado a uma forma de compensação emocional, e gastar de maneira impulsiva pode ser uma maneira inconsciente de buscar satisfação pessoal.
Em resumo, finanças comportamentais estuda como o cérebro funciona no processo de tomada de decisão. Conhecer esse funcionamento nos ajuda a fazermos melhores escolhas. Enquanto a psicologia financeira busca compreender aspectos mais subjetivos como crenças, valores, emoções até padrões de comportamentos financeiros aprendidos desde a infância.
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Herrmann-Pillath, C. (2014). A teoria do dinheiro de Georg Simmel e sua relevância para a neuroeconomia e a psicologia atuais. CSN: Neurociência Cognitiva Geral (Tópico) . https://doi.org/10.2139/ssrn.2437283 .
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